sábado, 8 de novembro de 2014

"O meu vizinho é um dos melhores do mundo. E eu também."



Quando em 12 de Agosto de 2012 o mundo ouviu o hino do Uganda a coroar o triunfo de Stephen Kiprotich na Maratona olímpica, o mais lógico seria antecipar no rosto dos dois quenianos que completavam o pódio um sentimento de azedume pela inesperada supremacia da bandeira do país vizinho.

É que nós, ocidentais, temos resistência em entender para lá das bandeiras. Talvez por termos sido nós, ocidentais, que decidimos para África que o conceito geográfico de nação se deveria impor à divisão geográfica por tribos. Não tivéssemos criado essa imposição histórica em nome da colonização e aquele pódio com o ugandês Kiprotich e com os quenianos Kirui e Kipsang seria antes de tudo a celebração da esmagadora superioridade da Grande Tribo Kalenjin.

Kalenjin aqueles três. Kalenjin quase todos aqueles que ganham as longas distâncias em Ljubljana, Portland ou Ras al-Khaimah. Kalenjin aqueles que mereceram de David Epstein, editor senior da Sports Illustrated, uma das mais poderosas e imbatíveis evidências estatísticas que há memória neste mundo da corrida.

Disse Epstein: “se fizermos uma análise dos números, chega a ser risível. Durante toda a história há um registo de 17 norte-americanos a terem conseguido baixar das 2 horas e 10 minutos à maratona. Se pensarmos na tribo Kalenjin, bastou um mês (Outubro de 2011) para essa mesma barreira ter sido quebrada por 32 atletas.”

Descubra aqui porque é que a esmagadora maioria dos melhores maratonistas mundiais vive numa faixa de terreno que se percorre como se fossemos de Óbidos a Elvas.

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